O espetáculo trevoso do Gólgota havia acabado. No ar havia silêncio e dor. A humanidade não acolheu a Luz do Salvador. Comovidos, os discípulos pensavam o que fazer para cumprir a promessa de divulgar os ensinamentos de Jesus sobre a vida e a Criação. Com toda coragem e zelo, seguiam seu destino indo para Roma, Grécia e outras regiões.
O tempo atuou esmaecendo a memória. Décadas depois começaram a aparecer relatos incompletos gerando textos incorretos em relação aos fatos. Aos poucos ia surgindo o Cristianismo de Roma com base em relatos parciais em desacordo com os fatos, introduzindo falhas na doutrina de Jesus, e os sacerdotes de Roma passaram a agir de forma semelhante aos de Jerusalém para manter o rebanho dócil.
Foi uma longa história que abrangeu anos de trevas. Com o Renascimento tudo começou a mudar. E na turbulenta época atual, muitas coisas estão acontecendo ao mesmo tempo. Com a adoção do dinheiro, um novo poder surgiu, o qual acabou se rivalizando com o poder religioso enaltecendo o dinheiro e o poder.
Aos poucos foram surgindo embates que recrudesceram, levando a uma renhida luta camuflada de poderes terrenos. Sugiram grupos que operavam de forma oculta para abalar os costumes e os frágeis alicerces da sociedade, os quais conheciam profundamente, e por isso menosprezavam a religião. Tudo teria de ser desmantelado, por isso planejavam, intelectivamente, a longo prazo, mobilizando todos os canais disponíveis.
Quanto mais se afastavam da Luz, mais teorias e visões do mundo iam criando, sendo as mais notórias o Capitalismo e o Comunismo. A miséria se espalhava pela Terra. A questão da desigualdade na riqueza não teria em si nada de mal, pois é sabido que existem diferenças entre os indivíduos. Diz a lei da Criação que o homem não deve provocar sofrimentos a outros para satisfazer a própria cobiça (segundo a Mensagem do Graal, de Abdruschin). Isso já tinha sido indicado por Jesus nas palavras “ama ao próximo como a ti mesmo”, isto é, não faça a ele o que não faria a si mesmo. Esse ensinamento é de uma amplitude que abrange tudo na vida.
Os seres humanos se afastaram de sua origem, já não sabem mais o que são nem como chegaram à situação em que se encontram. Então procuram culpados. O capitalismo é apontado como o principal suspeito, e assim está resolvido. O causador tem de ser penalizado. As mazelas provocadas pelo inimigo vão sendo apontadas. As pessoas acolhem as mensagens que não param de chegar e se conformam ou passam a atuar contra o causador. E fica aberto o permanente embate. Em nações que foram implantadas transformações radicais, não ocorreu aumento do progresso e da felicidade geral. Ocorreu um erro na indicação do culpado, pois o verdadeiro causador das misérias é o próprio ser humano, que ignorou a sua condição de hóspede na Terra, e passou a querer assumir a posição de dono.
As trevas, cujo objetivo é afastar o ser humano da Luz, não querem que a Verdade seja encontrada, e passaram a atacar insuflando, semeando mentiras na mente daqueles cuja sintonia lhes abriam as portas, capturando-os para o combate espiritual. As novas gerações se afastaram da leitura e, dessa forma, sua capacidade de analisar e refletir com amplitude é mínima. Da doutrina de Cristo, mostrada com palavras simples, não restou muitas coisas.
Naquela época, Cristo já vislumbrava o futuro sombrio da humanidade. O que vai ser o futuro do ser humano, aberto para a enxurrada de mensagens ardilosas que visam ocupar o cérebro mantendo-o preso às baixas cobiças, mostradas ilusoriamente como fonte da felicidade? O Filho do Homem, prometido por Jesus, vai concluir a obra do Mestre e desencadear a grande colheita de todas as ações da humanidade.
O tempo está impassível e vamos caminhando de acordo com as leis naturais. Cientistas criaram o relógio do fim do tempo da evolução, o grande embate, o julgamento final. Com certeza, haverá uma ruptura, mas o velho tempo renascerá no novo tempo.
*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br
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