“Síndrome da Cabana”, ansiedade, depressão e outros transtornos de saúde mental afetam mais de 60% da população brasileira durante pandemia

“Síndrome da Cabana”, ansiedade, depressão e outros transtornos de saúde mental afetam mais de 60% da população brasileira durante pandemia

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                                                               Elaine Di Sarno, psicóloga e neuropsicóloga da USP (Foto: Carlos Alkmin)

 

Psicóloga e neuropsicóloga da USP explica efeito da crise sanitária no dia a dia das pessoas

São Paulo, julho de 2022. Em 2017, quando nunca imaginávamos estar vivendo uma crise sanitária como a da atual pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontava o Brasil como o quinto país em casos de depressão no mundo. À época, quase 6% da população brasileira era afetada por algum transtorno de ansiedade e depressão.

Em 2021, o Brasil liderava os casos de depressão e ansiedade durante a crise de Covid-19, segundo pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), em onze países, que indica 63% da população sofrendo de ansiedade e 59%, de depressão.

Para Elaine Di Sarno, psicóloga e neuropsicóloga da USP, a pandemia se apresentaou como um evento traumático que chegou de forma abrupta na vida das pessoas.

 

“Os brasileiros estavam acostumados a ver pela TV povos orientais usando máscaras no dia a dia. De repente, nos vimos também tendo que usar máscaras quando achávamos que essa era uma situação muito distante para nós. A maioria das pessoas conhecia pandemias somente pelos registros históricos – peste bubônica, gripe espanhola, então, é muito difícil aceitar a realidade e quando ela bate à porta, trazendo medo, pânico, levando entes queridos e amigos, forçando um distanciamento social para um povo que é de beijos e abraços, isso gera crises de ansiedade, depressão e tantos outros problemas de saúde mental”, explica a profissional.

 

O transtorno de ansiedade é marcado por sintomas como: dificuldade de concentração, problemas no sono e preocupação excessiva, ou seja, a pandemia é altamente propícia para quadros de ansiedade que persistem mesmo depois de a situação estar um pouco mais controlada. Esses sintomas podem levar ao quadro depressivo, caracterizado por alterações no humor, como apatia, solidão, tristeza, além de dores físicas sem justificativa.

Elaine Di Sarno explica que a pandemia também levou a problemas de saúde mental persistentes gerados pelo Burnout emocional.

 

“O esgotamento físico e mental diante do trabalho durante tanto tempo no formato home office, a interrupção do ensino presencial, limitação de não poder ir e vir, tarefas de casa, redução de salário, medo da perda de emprego e o excesso de informações em tempo real sobre a pandemia, são situações que geram estresse, ansiedade, insônia. Tudo isso cria um desequilíbrio interno, a pessoa acaba sendo levada ao seu limite, físico e/ou emocional, sentindo-se extremamente cansada, com poucos momentos de descanso ou descontração”, conta a psicóloga e neuropsicóloga.

 

Outro fator que tem potencializado crises de ansiedade e quadros de depressão está ligado ao medo e insegurança, o que chamamos de “Síndrome da Cabana”, quando se desenvolve um quadro de tanto pavor, que leva a pessoa a se isolar mais ainda, propiciando até mesmo situações de Transtorno Obsessivo Compulsivo – TOC, por exemplo.

Para Elaine Di Sarno, é importante o indivíduo estar atento aos sinais de problemas de saúde mental, observar se houve mudança do seu comportamento nos últimos meses, se antes da pandemia a pessoa não se sentia tão triste e agora percebe essa tristeza de forma mais frequente.

O apoio da família é fundamental, além da orientação profissional de um psicólogo e/ou psiquiatra. Atualmente, o serviço remoto por atendimento online está liberado pelos órgãos responsáveis, o que é uma saída para ajudar as pessoas a lidarem com tantas adversidades que mexem profundamente com cada um de nós.

Sobre Elaine Di Sarno – Psicóloga e Neuropsicóloga – Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e em avaliação neuropsicológica pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP. Psicóloga pesquisadora do Programa de Esquizofrenia – PROJESQ do Instituo de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Fala com propriedade sobre temas relacionados à pandemia, como: ansiedade, depressão, Burnout emocional (esgotamento diante do home office, associação do medo, insegurança, luto), Síndrome da Cabana (medo de sair de casa e se contaminar), além de outros assuntos que permeiam sua área de atuação: depressão em adultos, adolescentes e crianças, Alzheimer, Parkinson, Esquizofrenia, suicídio, TDAH, Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), TOC, Borderline, transtornos alimentares, de humor e de imagem, Burnout emocional e assuntos correlatos. Mais em: https://www.elainedisarno.com.br/.

 

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